já está quase a acabar

Este foi, sem dúvida, o semestre mais estranho de sempre. 

Começou bem. Recordo-me de umas boas primeiras duas semanas em que deu para conjugar tudo e todos e a moral estava em cima. Foi a curiosidade das novas cadeiras e professores, o rever dos colegas, o decorar o quartinho e deixá-lo à minha maneira e gosto outra vez, e o fazer parte de uma nova equipa. O problema começou quando as cadeiras se tornaram excessivamente entediantes, os colegas ora desiludiam ora marcavam pela indiferença, o ambiente da casa mudou e as novas pessoas e novas actividades também não trouxeram o entusiasmo pretendido. Desmotivação. Desmotivação completa. E compreendi que sem vontade não se vai longe. Fartei-me de tudo: do curso, das pessoas, do sítio; vontade imensa de fugir para as Austrálias e Argentinas e Europas, vontade imensa de procurar algo que despertasse verdadeiramente o meu interesse e que me satisfizesse.

O pior de tudo foi saber lidar com estas emoções. Eu, uma pessoa (praticamente) sempre bem disposta, satisfeita com a vida, sempre positiva, encontrava-me agora um pouco perdida. E sentia-me estúpida por estar em baixo, porque vamos a ver e não havia motivos para tal. 

As palavras dos que me querem bem não variaram muito "força que é o ultimo ano, é o ultimo ano". Se calhar a partir daí vinha também uma inquietação que não ajudava a acalmar o estado de espírito. Quer queiramos quer não, o tempo passa a correr e a verdade é que daqui a uns meses, caso tudo corra bem, estarei licenciada e sem ideia do que quero fazer com a minha vida. Dúvidas mil subiam à cabeça e intensificavam a sensação de estar sem rumo. Estranha, era como me sentia. Estranho, é como defino este semestre. 
Mas não descuremos os bons momentos, porque também há desses a preencher a vida. Acho que foi o voltar a focar-me neles que me ajudou a sentir-me mais eu outra vez, que me ajudou a começar a ultrapassar este estranho período. Convenci-me que vai tudo correr bem. Vamos por fases, vamos aproveitando cada momento. Vamos fazer aquilo que temos de fazer agora, e depois vamos fazer aquilo que queremos fazer. Sem vontade não se vai longe, mas a vontade também se arranja: querer, pensar, acreditar, fazer. Basta querer. 
No fundo é tudo uma questão de atitude e a forma como vês e encaras as coisas faz a diferença.   
Conforta-me saber que este semestre já está quase a acabar, sim. Porque quero que seja um adeus definitivo a este estranho humor. O conforto da casinha, as luzes de Natal e o tempo disponível para fazer aquilo que mais gosto e me dá prazer vão-me ajudar a recarregar baterias para enfrentar o novo semestre. Guardando sempre em mente de que basta querer. E vou-me lembrar também de apreciar as coisas boas, ainda que pequenas, que vão surgindo: ajuda a pôr um sorriso na cara.